Saiba como preparar seu carro para a venda

As concessionárias esforçam-se para atrair clientes aos carros novos, cujos preços subiram até R$ 2,5 mil depois que a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) acabou, em dezembro de 2013. Mas, para aproveitar as condições especiais, muitos motoristas desejam, primeiro, vender seus veículos atuais. Nessas horas, a ideia é fazer omelhor negócio, seja na troca, com uma revenda ou para outra pessoa física.

















Talvez a primeira questão que vêm à cabeça do dono seja sobre a necessidade de fazer reparos no veículo. Isso vai depender de para quem ele pretende vender.

"O lojista, quando vai comprar, avalia o estado, quanto vai gastar para deixar o carro em ordem e vender com as garantias exigidas pelo Código do Consumidor", explica Ilídio Gonçalves dos Santos, presidente daFederação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto).

Como fazem serviços em grande volume ou têm oficinas próprias, as lojas pagam mais barato nos consertos. O valor que a manutenção vai custar, descontado do preço proposto pela compra do usado, é menor do que se o motorista for consertar o veículo antes de levá-lo à loja.

"Quando a venda é para outra pessoa, o valor recebido pelo carro é maior. O lojista paga menos porque têm o custo de preparo e precisa tirar o lucro", aponta Gustavo Costa, diretor comercial da revenda Savanna, na Capital. Para quem pretende anunciar o carro nos classificados, o conselho é fazer a revisão antes. 

A maioria dos compradores leva o modelo para uma oficina, para verificar se está tudo certo. Como alternativa, o dono pode não consertar o que precisa de manutenção, mas dar o desconto do valor do serviço ao interessado no modelo.

Costa sugere, ainda, que o vendedor alerte ao comprador se há alguma revisão programada que precisa ser feita em breve, ou se, ao contrário, ela foi feita recentemente e o novo dono não vai precisar se preocupar com isso tão cedo.

Dívidas e multasNa hora da compra, as revendas verificam se o carro não tem multas ou outros débitos – para isso, é preciso a certidão negativa do veículo, que é fornecida automaticamente pela loja ao próximo cliente. As pessoas físicas devem solicitar o documento no Departamento Estadual de Trânsito (Detran), a partir do número 
Renavam. 

As revendas têm uma empresa especializada para levantar se há pendências como essas, ver se o carro está alienado, se é alvo de ação judicial, tem débito em financeiras ou IPVA atrasado, por exemplo, fatores que impedem a transferência. Na hora de comprar de uma pessoa física, um despachante pode conseguir essas mesmas informações. 

Dados adicionais disponíveis para as lojas incluem sinistros e leilões por causa de batidas – algumas seguradoras não aceitam esses modelos, assim como algumas financeiras.
Quem tem algum débitos ainda pode vender o carro, mas deve saber que a revenda vai descontar o valor no total do veículo. Se a ideia é vender a outro motorista, o dono deve quitar as dívidas primeiro – ou dar o desconto para o interessado pagá-las antes da transferência.

Lavagem e polimentoA lavagem é opcional, uma vez que o lojista vai limpar o carro antes de expor para revenda. Mas, para Santos, é claro que o veículo limpo causa uma impressão melhor e tende a oferecer uma negociação mais atraente ao motorista. Costa, por sua vez, alerta: lavar o motor não é uma boa ideia, pois com a sujeira normal do uso é possível avaliar melhor a mecânica, observando vazamentos, por exemplo.

"A pessoa usa o carro, essa parte está sempre suja, o lojista entende. Quando o motor está limpinho, às vezes a gente desconfia que o cliente esteja querendo ocultar algum problema", diz o revendedor.

Manutenção que dá lucroOs especialistas alertam que alguns cuidados permanentes podem ter bom retorno financeiro durante o uso do carro e também na venda.

"A manutenção preventiva deixa o veículo em melhor estado de funcionamento, garante uma vida útil mais longa e diminui o desgaste dos componentes, o que valoriza o carro", resume Daniel Lauri, engenheiro mecânico e especialista em manutenção do Centro de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi).


















É interessante que o dono guarde os documentos que comprovam essas revisões periódicas – para fins de garantia – e notas fiscais de reparos e peças trocadas. Assim, pode provar ao comprador, a qualquer momento, o estado de cuidado que o carro tem. Manter o histórico de revisões e manutenções do veículo é uma dica também para quem compra um usado. Se o antigo dono não mantinha os documentos, Lauri recomenda que o novo motorista passe a fazê-lo.

"Já vi carro com 12 anos melhor do que outros que tinham apenas quatro, porque aquele era bem cuidado", exemplifica Ilídio Gonçalves dos Santos, da Fenauto. "O que o dono vai investir em manutenção preventiva, ele vai tirar de volta na hora da venda", conta.

Outra dica é evitar modificações muito específicas, como rebaixamento, alteração na potência do motor ou troca de rodas para tamanhos maiores do que os recomendados no manual do carro. Achar um comprador com o mesmo gosto do dono é mais difícil do que se o modelo estiver próximo do original. Além disso, acrescenta Santos, algumas alterações afetam o desempenho do veículo, projetado para rodar dentro das condições determinadas pela montadora.